quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Construção

Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado
Por esse pão pra comer, por esse chão prá dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir,
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair,
Deus lhe pague Pela mulher carpideira pra nos louvar e
cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir,
Deus lhe pague



BANDA VEGA
Construção
(Chico Buarque))



Letra utilizando-se do homônimo construção ao substituir, no sentido figurado o "tijolo", pelo "ser humano". A emoção se faz muito presente a cada estrófe as quais, formam um verdadeiro jogo de palavras proparoxítonas. Somam ao todo quarenta e sete, escolhidas e intercaladas, de um modo muito peculiar, conseguindo assim, trabalhar muito bem a emoção nas pessoas. Composta por três grupos de versos nos quais os adjetivos se revezam entre si e aparentemente, cada um narra a história de um ponto de vista diferente. Música escrita e gravada em 1971 e mesclada a ela, está um poema musical de nome Deus lhe Pague. Sucesso de garantia permanente agora , com uma magnífica roupagem nova by VEGA.
O rítmo da música mostra uma execução inicial impetuosa e forte. Abranda na sequência os rítmos para dar entrada a um vocal de presença vívida, perfeita e eloquente traduzindo fiel e simultânea paixão e sentimentos mais profundos.
O rítmo seguinte é impetuoso, precipitado e com toda a rapidez e presteza
possíveis em conjunto. Vida nova nessa música se faz nítida pelo vocal de Claudia Gomes demonstrando um furor total e em alto grau de velocidade em conjunto com o instrumental maravilhoso. Abranda rapidamente, acelera e prende; demonstrando sempre e até o final, toda a força e determinação na reconstrução dessa música.

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=47758092

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